terça-feira, 8 de março de 2011

Demoiselle Francine.


Corpo esbelto e a sua alma parecia uma forte primavera. Contava já vinte, e sem saber, estava no seu auge. Irreverente, até revolucionária, mas sempre permaneceu pacata, alheia a tudo e a todos, ao mundo e ao que a rodeava. Era assim feliz, na maior das apatias. Pois tudo parecia sempre em movimento, tudo sempre a rodar, a rodar à sua volta. Viveu assim durante anos, treze para ser exacto. Depois deu um salto. Fortuna feita, foi passear pelo mundo, conheceu tudo e todos. Esqueceu todos, adorou tudo. Viveu como sempre desejou, ao máximo, sentindo o mínimo, para querer mais ainda. E quis. Mas depois voltou ao seu pacato lugar, instalou-se e novamente deixou correr a sua vida. Muito mais rica agora, mais cheia, mais cheia de cor e de texturas, cheiros e sabores. Lembranças, tantas guardadas, tantas já esquecidas…

E agora, no outono da sua vida, partilha o sofá com ele, Tolousse, o fiel amigo. Veio da Índia numa das suas viagens, e só ele a acompanhará para o resto da sua…

Um aperto.



É um aperto que se dá. Numa reacção fisiologia que me é alheia, sou inundada de sentimentos.

Gostavam que estes fossem apenas pequenas reacções químicas a decorrer nas profundezas do cérebro. Mas não, parece que toda uma fisiologia decide percorrer todos os órgãos do meu corpo, em uníssono, decidida a fazer-me sentir, seja lá o que for…

Às vezes bons e é bom tremer e sentir. Vibrar com algo fantástico. Ou delirar com algo ridículo. Às vezes palavras sem sentido, outras que apesar de não o terem são as que mais o tem. Outras, um olhar, um toque. O calor de alguém que passa na rua e nos toca, mesmo sem saber…

Mas quando é mau, é mau. Surge um nó na garganta, um aperto no peito, um laço nas mãos e uma corda nos pés, que roça na pele e arrepia.

E porque nada é simples. Porque muito pouco é como queremos que o seja. E como sentir me é alheio. É um aperto. Bom ou mau. Bom e mau.