sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Contos, 4

O vinho corria de boca em boca.
O sol começava já a cair no horizonte, laranja e quente. Sentados na rasteira, e outrora verdejante erva, aguardavam com alguma ânsia o momento. O concerto.
Faltavam ainda algumas horas, mas o tempo ali não existia.
Entre o calor do vinho e do fumo, nada mais interessava que o momento.
Passaram algumas horas, naquele tempo que não existia. Rolavam conversas, corriam risos…
Ia começar.
A erva ficou para trás, agora havia só pó, pessoas e confusão. Continuavam juntos.
Começou.
Encantador, brilhante. Como esperado.
Mais que música, era sentimento.
No calor da multidão deu-lhe a sua mão. Ouviam os dois, sentiam os dois. No meio de centenas, milhares talvez, apenas existia agora a musica, o calor, dois corpos e um beijo. Não um beijo qualquer, mas O beijo. Entreolharam-se e sorriram.
Naquele momento amavam-se, mas não sabiam.
Estavam felizes como nunca antes, mas não sabiam.
Continuaram a ouvir a sentir, agora ainda mais belo e apaixonante.
As luzes, o pó, a confusão, barulho! No entanto, havia uma calma e harmonia sobrenaturais, daquelas que aquece o coração!
Depois de todo o êxtase, era esperado o fim. E terminou.

É pena, eles nunca terem sabido….









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