segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A alma vivia no olhar.

O meu coração parou, mas os meus olhos estavam ainda abertos.
Um corrupio de pânico serpenteava à minha volta, percebia porquê, não era de esperar.
Mas em mim, ou no que outrora o era, apenas calma. Uma profunda e arrebatadora calma.
E nas entranhas de toda esta calma, começava a surgir algo diferente… Curiosidade. Agora que chegara ao fim desta vida, como a conhecia, o que acontecia?
Passavam já alguns minutos desde que senti o coração parar, e com ele tudo o resto, e não havia ainda paraísos, nem infernos, nem nada. Continuava o meu corpo no chão da sala, naquela bela carpete vinda da Turquia, na viagem do nosso aniversário..
E nada mais acontecia.
Vi os médicos chegar, a tentativa de reanimar o que já não existia.
"Nada a fazer."
E depois, a escuridão.
Fecharam-me os olhos, e então, a verdade...
O nada.

domingo, 29 de agosto de 2010

O meu coração é uma meretriz.

O amor foi-lhes roubado.

Era o seu vigésimo segundo aniversario.

Depois de um longo dia de trabalho era necessário aproveitar aquela fantástica noite de verão.

Chegou a casa e como sempre, tirou as sandálias e saltou para o sofá. Fazia já parte da sua vida, o velho sofá. Estava já u pouco atrasada, mas saboreou ainda mais um pouco a doce relação que tinha com o seu sofá. Depois lá se arrastou para um duche, breve, mas agradável. Era já hora de estar no restaurante mas como aniversariante, tinha desculpa. Levou assim algum tempo a arranjar-se, contemplou o seu o seu esbelto e bronzeado corpo ao espelho., pensando com o quê o adornar. Vestiu o leve e elegante vestido comprido, cheio de flores quentes, que tão bem lhe caia na pela morena e perfumada. Mais uns retoques, e saiu de casa…

Quando chegou já todos estavam sentados à mesa. Os amigos de infância, as colegas de vida recente, e o amor da sua vida. Ao lado do qual estava guardado o seu lugar. Sorridente, cumprimentou-os a todos, um por um, com um sentido beijo e um apertado abraço. Reservando para o ultimo, um beijo mais que sentido. Começaram a jantar, por entre os vapores da comida, brilhavam sorrisos, conversas e brindes

Findado o jantar, era já longe na noite. Sendo o dia seguinte dia de trabalho, cada qual se dirigiu para sua casa, após longas e apaixonadas despedias.

Mas para ela era ainda cedo. Abraçou-o e caminharam mais um pouco pela rua quente e movimentada. Havia ainda tempo para mais uns dedos de conversa, uns tragos de alegria.

Ficaram por momentos perdidos no tempo, mas o cansaço acusa, e o regresso a casa aproximava-os do táxi.

Entraram, ela aninhou-se no seu ombro, enlaçando a mão na mão. Mas rapidamente chegaram ao destino.

Abraçados subiram a pequena ruela que os separava de casa. A brisa envolvia os seus cabelos espalhando pelo ar o doce e suave aroma, ele aproximava-se, inspirava o doce ser que era ela, e com ternura envolvi a sua frágil e delicada cintura. Eles nem se apercebiam, mas na sua mente, estava já a fazer amor.

Mas, subitamente alguém subia a rua a correr, um passo nervoso e apressado. Viraram-se para ver quem seria, mas antes que o pudessem confrontar, disparou dois tiros. Pum, Pum.

Caíram os dois prostrados no chão. Primeiro ele, ela logo de seguida.