sábado, 27 de novembro de 2010

Li agora...

Depois de algum tempo sem acabar um livro, embora tendo começado vários...cheguei ao fim de “O nome da rosa”. Gostei. Mas creio não ter apreciado tanto como devia…



terça-feira, 9 de novembro de 2010

Magrite - The Lovers


Compreendo esta imagem, gera um turbilhão de pensamentos claros e concretos. Mas assim que há uma tentativa de traduzir o pensamento em palavras, ele desmancha-se, enrola-se sobre si mesmo, dá vários nós e engole em seco.

Assim continuamos escondidos sobre aquele lençol. Ás vezes um escondido bom, no quente do teu corpo, mas a maior parte um escondido mau, no gelo que é o teu olhar, reflectindo na pedra que é o meu coração.
E se o pano cai?

Não percebo porquê o frio.

Ele estava sentado na última fila, sozinho no fundo da sala. Recostou-se, cruzou as pernas e assim a contemplava.

Ela concentrada, prestava atenção à peça, sentia e vivia o drama na sua pele. E arrepiava-se. ouvindo um ruído lá atrás, virou-se curiosa para ver quem passava. Estranho, ninguém. Retomou o seu estado de concentração, mas não podia deixar de ouvir o ruído atrás de si, ruído de alguém que inquieto se debate na cadeira. Voltou a olhar, continuava a não estar lá ninguém. Pensou que seria lá fora, mas sabia bem que do outro lado nada havia.

Ele continuava lá, cada vez mais irrequieto, queria avançar, alcança-la, estar perto dela. Mas ela sentia-o e ele temia. Deixou-se ficar, numa transparente frustração.

Ela continuava desconfiada, e de vez em vez, lá olhava para algo que não estava lá. Entretanto a peça acabou, ela levantou-se. Primeiro para aplaudir e de seguida para encontrar no meio da multidão o caminho para a rua. Ele então aproveitou, era a tão esperada oportunidade. Chegou perto dela, olhou-a nos olhos, abraçou-a, beijou-a, sussurrou-lhe doces palavras ao ouvido, e sentiu o doce perfume que emanava do seu quente e palpitante pescoço. E ela nunca soube… Continuava envolta na multidão. Alcançou a soleira da porta, deu um passo, e ele ficou para trás, preso. Agora sozinho, continuava a senti-la. E na esperança que um fantasma não tem, esperava o seu regresso.