segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A alma vivia no olhar.

O meu coração parou, mas os meus olhos estavam ainda abertos.
Um corrupio de pânico serpenteava à minha volta, percebia porquê, não era de esperar.
Mas em mim, ou no que outrora o era, apenas calma. Uma profunda e arrebatadora calma.
E nas entranhas de toda esta calma, começava a surgir algo diferente… Curiosidade. Agora que chegara ao fim desta vida, como a conhecia, o que acontecia?
Passavam já alguns minutos desde que senti o coração parar, e com ele tudo o resto, e não havia ainda paraísos, nem infernos, nem nada. Continuava o meu corpo no chão da sala, naquela bela carpete vinda da Turquia, na viagem do nosso aniversário..
E nada mais acontecia.
Vi os médicos chegar, a tentativa de reanimar o que já não existia.
"Nada a fazer."
E depois, a escuridão.
Fecharam-me os olhos, e então, a verdade...
O nada.

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