segunda-feira, 7 de junho de 2010

Would you meet me in Chinatown for opium and tea?


Ele adorava.
A calma do sitio, com um silencioso ruído de fundo, cheio de vida e ao mesmo tempo quietude.
As cores do sitio, vivas e fortes, como a sua alma.
O cheiro, tão variado quando indescritivel, mas sempre agradavel.
A brisa, que carregava consigo a calma, o ruído, as cores, o cheiro.
E por vezes, com a brisa vinha Ela.
Sentavam-se os dois a tomar o seu chá. Ao inicio, trocavam olhares tímidos. Mas com o tempo, criou-se um desatino de conversas, emoções, reacções. Dos primeiros encontros rápidos e envergonhados cresceram agora uns demorados e íntimos serões.
A rotina era o que é. Ele sai cedo do trabalho, senta-se no mesmo banco de sempre, já gasto de tanta historia lá contada. Espera, e lê o seu inconstante livro.
Ela, vem mais tarde, reia o sol ainda. Vem com o rubor nas faces, alegre, feliz, ansiosa.
Abraça-o, beija-o, e senta-se em frente a ele. Sempre em frente. Sempre foram apaixonados pelo olhar. Dão as mãos, sorriem, e são felizes.
Sem necessidade de pedido, a empregada trás já o de costume. Pousa o bule fumegante na mesinha, e eles separam mãos. Com candura, observam o quente e aromático vapor que sai do bule. Inalam a felicidade, e de seguida, entornam um pouco em cada chávena.
Sorvem as primeiras gotinhas, gotinhas de uma terapia para a alma, de algo tão simples como erva e água.
A conversa dura o instante eterno que demora a bebericar duas chávenas de chá.
O sol vai já a caminho do seu leito no horizonte. As cores são agora mais quentes, a brisa vai e vem trazendo leves arrepios...
Esperam para ver o por do sol, e com ele chega a noite.
Saem do seu recanto, ele enlaça a sua cintura, e vão caminhando pela rua alheios a tudo, alheios a nada.

O ópio, era o amor.