Um dia pensei, vou sair à rua como vim ao mundo: nua.
Então, numa manha de Outono, ganhei coragem e foi assim:
Sai à rua. Eram 8 da manha, numa rua pouco movimentada da capital.
A primeira sensação foi de frio. Todo o meu corpo começou de súbito a tremer.
Com alguma dificuldade comecei a andar. As pedras da calçada tocavam nos meus pés frios como laminas afiadas. Decidi caminhar na estrada de alcatrão, pouco melhor.
Mas continuei, sem decidir onde iria, continuei a descer a rua.
A primeira vítima da minha nudez foi uma muito pouco simpática senhora. Especou a olhar e como se fosse o fim do mundo rogou pragas e apelou aos deuses e demónios!
Sorri e continuei.
Passando em frente do café lá da rua, recebi uma horda enfurecida de olhares masculinos. Embatiam sobretudo nos meus seios, mas rapidamente escorriam com a gravidade…
Mais uma vez sorri, e continuei.
Chegava agora ao terminal dos autocarros, sinonimo de movimento. Foi como se Moisés passasse. A multidão apartou-se e com esgares ora de horror ora de prazer, contemplavam o que julgava ser a minha insanidade.
Então, de um momento para o outro surgem as sirenes.
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