quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Mas Lídia não enlaçou a sua mão.

Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.

Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos

Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.

(Enlacemos as mãos.)

  Ricardo Reis


Mas Lídia não enlaçou a sua mão.

Ficou quieta com as suas mãos sobre o regaço.

Estava confortável assim e de momento não sentia que

devesse dar as mãos.

Talvez mais tarde, mas agora não lhe apetecia.

E assim ficaram, de mãos não enlaçadas a olhar o rio.





Não era que Lídia não quisesse.

Mas havia algo que a impedia de o fazer.

A mesma força interior que a impediria sempre de dar a mão.

Por vezes, ele gostava mesmo de poder dar as mãos,

não só á beirado rio,

mas caminhar,

especialmente caminhar pela vida de mãos dadas.

Mas não conseguia.



Talvez mais tarde, mas agora não conseguia.


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