“
Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)
“
Ricardo Reis
Ficou quieta com as suas mãos sobre o regaço.
Estava confortável assim e de momento não sentia que
devesse dar as mãos.
Talvez mais tarde, mas agora não lhe apetecia.
E assim ficaram, de mãos não enlaçadas a olhar o rio.
Mas havia algo que a impedia de o fazer.
A mesma força interior que a impediria sempre de dar a mão.
Por vezes, ele gostava mesmo de poder dar as mãos,
não só á beirado rio,
mas caminhar,
especialmente caminhar pela vida de mãos dadas.
Mas não conseguia.
Talvez mais tarde, mas agora não conseguia.
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