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Divagar, divagar é a palavra certa.
Às vezes apetece-me deixar tudo para trás e desistir.
Outras, apetece-me ser a melhor.
Acabo por nunca concretizar nenhuma das duas, e deixo-me andar numa agoniante apatia, revoltada contra o desagrado da rotina.
Tento ultrapassar as contrariedades do presente, ambicionando aquele futuro idealizado.
Mas depois penso, se agora cedo a um destino que me desagrada, mais tarde não o irei fazer?
Será que algum dia a realização e a realidade se vão encontrar? Ou haverá uma revolta que me atira violentamente desta rotina para um dia a dia vivido com agrado, afinco e paixão?
Resta esperar para ver. Não de braços cruzados, mas de mente atada… Pouco a pouco vou soltando o nó. Às vezes com medo, outras com puxões. Mas, é esperar para ver.
Nunca feliz com tudo. Sempre feliz com nada.
Ela foi à janela.
Era noite, mas no ar estava uma clara bruma.
Ele estava no passeio, parado na sombra.
Ela reparou nele, ali parado, sem propósito. E os seus olhos brilharam no escuro, envoltos em mistério.
Voltou para dentro, foi à sua vida.
Passaram algumas horas, ela voltou para fechar a janela, ele permanecia lá. Um arrepio percorreu-lhe todo o corpo. Voltou a olhar, e ele já não estava lá. Como um fantasma desvaneceu na bruma.
Ela fechou a janela.